possante

Quando eu era adolescente, sonhava com o dia em que eu faria dezoito anos e ganharia meu primeiro carro. Na verdade eu sonhava que o meu primeiro carro teria aparência de antigo e motor novo e moderno. Eu sonhava que poderia, junto com o meu pai (que é/era engenheiro mecânico), projetar um carro que fosse só meu, feito só pra mim. Que compraríamos uma carcaça de um carro velho e estiloso e que ele montaria um carro com um motor novo e mais algumas modernidades. Ah, a capacidade infinita dos jovens sonhadores… A verdade é que quando eu fiz dezoito anos eu não ganhei carro nenhum: nem velho, nem novo, e muito menos feito só pra mim. Na verdade quando eu fiz dezoito anos eu estava prestes a sair da casa e da cidade que minha mãe morava pra estudar. E nessa altura do campeonato, o tal pai já tinha quase que abandonado seu papel e definitivamente não estava disposto a dedicar seu precioso tempo aos sonhos da filha.

Bom, mas essa é minha história e vamos deixá-la pra lá. A questão é que eu dei um jeito de realizar esse sonho fazendo um carro pra Manu.

Na verdade eu já havia feito um carro pra Manu, um piloto de testes antes desse aí das fotos. No primeiro eu peguei uma caixa de fraldas, virei ela do avesso pro papelão liso ficar pra fora, coloquei o volante, abri as portas, e ela adorou. Esse foi seu carro durante vários meses, e ela realmente brincava muito no seu carro improvisado. Ai um sábado desses voltando da feira, paramos naquela loja grande e famosa que vende coisas de papelaria e escritório e eu comprei uma caixa de papelão nova, sem desenhos ou impressão de marca de produto. E foi aí que eu pude realizar meu sonho, mesmo que de papelão e tinta, de fazer um carro pra minha filha, com um motor novo e possante que ela mesma se encarrega de colocar pra fazer barulho.

A caixa tem 50x30x22 cm e custou menos de 5 reais, e foi o único gasto que eu tive, pois todo o resto eu tinha em casa. Mesmo sendo uma caixa nova, virei ela do avesso, pra esconder umas especificações técnicas que vem escritas nela. Com a tampa de cima, que não seria usada, fiz o encosto, a moldura do pára-brisas (feita com contact transparente) e os retrovisores (que receberam papel espelhado, desses saquinhos de presente). As portas foram recortadas e ganharam maçaneta de velcro, que eu tive que costurar com um barbante, já que a pequena aqui adora abrir e fechar as portas ad infinitum, e só a cola não segurou. O volante, que eu reaproveitei da primeira versão do carro, é um daqueles suportes de tubo de cds virgens, colocado em um papelão e com um parafuso que fez as vezes de trava mas que permite que ele gire. A chave, item super importante por aqui, é do cadeado da bicicleta e o suporte que faz as vezes de contato é um bico desses de confeitar, de plástico, e que eu nunca usei mesmo. Tem até um controle desses de abrir portão, que era pra ficar igual as chaves daqui de casa.

Bom, o resultado final é esse ai das fotos abaixo, fez um enorme sucesso e é com certeza um dos brinquedos preferidos dela. Como eu já falei em outro post, a impressão que eu tenho é que as crianças sentem nas coisas os sentimentos com que elas são feitas. E esses brinquedos feitos à mão sempre fizeram muito mais sucesso que qualquer outro brinquedo comprado. Aqui em casa eu dou preferência para brinquedos de madeira, pano e papel (e não rola brinquedo licenciado, até porque aqui também não rola tv por enquanto, então ela nem faz ideia do que são esses personagens, pra ela uma galinha é só uma galinha, um porco é só um porco, e por ai vai…) e talvez isso acabe influenciando também nas escolhas dela em relação aos materiais de que as coisas são feitas.

Vamos às fotos:

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Aproveite e clique AQUI para ler um artigo excelente sobre brinquedos que brincam sozinhos, escrito no Lar Montessori.