o favorito do momento

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Vira e mexe fico aqui em busca de idéias para fazer alguns brinquedos para a Manu, tentando fugir dos brinquedos prontos cheios de plásticos e vazios de presença. Eu sempre gostei de fazer presentes para dar para as pessoas, porque acredito que quando você dá um presente você está dando um pedacinho do seu PRESENTE (um pedaço do seu tempo, do seu agora, um pedacinho da sua vida).

Então, quando faço um brinquedo pra ela, estou colocando ali um pedaço da minha vida, do meu presente, e esse brinquedo se enche da minha energia, do meu amor.

O brinquedo da vez, que tem feito bastante sucesso, são uns palitinhos coloridos para encaixar. São 10 palitinhos, um de cada cor, e uma base com furinhos onde é possível encaixá-los. Para os palitinhos eu usei hashis (os pauzinhos de comer comida japonesa), que revesti com washi tape, cada um em uma cor. Para encaixar, eu fiz duas bases: uma garrafa vazia de álcool (desses de fazer limpeza) com dois furos no fundo e um pote de sorvete fechado com dez furinhos na tampa. Primeiro usamos só a garrafa, que dá pra usar tanto com ou sem a tampa. Só depois de vários dias é que inseri o pote de sorvete, quando a garrafa já tinha começado a perder a graça.

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No começo eu encaixei os hashis algumas vezes, até a Manu entender como a coisa funcionava. Ela observava e se concentrava em juntar todos os palitos com as mãos. Demorou um ou dois dias pra ela conseguir entender como a coisa funcionava, mas logo ela conseguiu colocar o palito dentro da garrafa pelo furo e isso entretia ela por um bom tempo. Já no pote de sorvete o palito não cabe inteiro, então a brincadeira era de colocar cada um no seu buraquinho.

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A volta ao redor do Sol e o piquenique

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A Manu completou sua primeira volta ao redor do Sol e fizemos um piquenique para comemorar. Escolhemos um parque onde não tivéssemos a sensação de estar no meio da cidade, cercados de prédios e trânsito. Queríamos um parque onde pudéssemos ter a sensação de estar no lugar onde passamos todas as comemorações dos 11 mesversários da Manu: o camping! E nada melhor que um antigo camping, não é? Escolhemos o Parque Cemucam (Centro Municipal de Campismo), que funcionava como camping antigamente e fica no município de Cotia, apesar de pertencer à cidade de São Paulo. É um parque enorme, tem churrasqueiras, quadras, circuito para bicicletas e até um viveiro de árvores.

Foi um piquenique para poucas pessoas, só a família mais próxima e os amiguinhos da Manu. Como a festa era para ela, achei justo que tudo o que houvesse para comer ela pudesse comer também, mesmo que ela não fosse comer tudo o que tinha ali. Tudo foi feito e preparado por mim, com exceção dos pães, já que eu não daria conta de fazer a quantidade de pão necessária. Mesmo assim, fiz alguns pães integrais e italianos, que seriam os pães que a Manu poderia comer, caso ela quisesse, já que eu ainda não dou para ela nada que eu mesma não tenha preparado, por não ter controle sobre os ingredientes envolvidos. Sim, eu sou radical com o que ela come! Tem gente radical com o combustível que coloca no carro, eu sou radical com o que alimenta a minha filha!

Então o cardápio foi:

  • legumes e verduras, para serem consumidos com os molhos que eu preparei: pepino, cenoura, nabo, tomatinho cereja, brócolis, acelga, erva doce
  • milho cozido
  • pães da padaria e caseiros
  • molhos: pesto (com noz pecã e sem queijo, já que a Manu ainda não consome laticínios), chimichurri, molho de tahine, molho de mostarda, homus, molho de tomate com ameixa
  • frutas: abacaxi, carambola, kiwi, mexerica, uva, melancia, banana
  • para beber: dois tipos de água saborizada (limão siciliano, alecrim, carambola e gengibre / amora, hortelã, capim limão e cravo da índia), suco integral de uva (sem conservantes e outros aditivos), água natural e vinho branco para os adultos
  • bolo de banana com maçã, frutas secas, noz pecã, especiarias, aveia e cobertura de “geléia” de damasco seco; fiz dois bolos, um com a noz pecã e o outro com castanha de caju

Eu sabia que o cardápio desapontaria alguns adultos e crianças, mas optei por ele com muita consciência e principalmente com muita honestidade em relação ao que eu acredito e em relação à minha filha. Eu também adoro doces e afins, mas acho que a quantidade que consumimos extrapola em muito o que deveríamos consumir mesmo. E paladar é algo que se constrói, e o da Manu está sendo construído. No mundo dela a variedade de sabores é enorme, permito que ela experimente de tudo, desde que seja natural e comida de verdade. Ela já provou uma variedade bem grande de frutas, legumes e verduras (de acordo com o que a natureza produz no decorrer do ano), vários tipos de cereais (arroz, centeio, trigo, aveia, cevadinha, quinoa, amaranto), quase todas as leguminosas, cogumelos e mais recentemente começou a comer carnes. Não há açúcar ou leite de vaca na alimentação dela, então não havia porque ter isso no dia da festinha dela, por uma questão de coerência que EU faço questão de manter. Enquanto escrevo isso fico aqui tentando medir as palavras, porque não quero que isso pareça uma crítica àqueles que fazem diferente disso, que na verdade é uma maioria. Estou expondo apenas o MEU modo de fazer, não querendo dizer que essa é a maneira correta e nem julgando quem faz diferente, estou simplesmente expondo a maneira que escolhemos de conduzir a nossa vida a três.

Voltando ao piquenique…

Colocamos algumas toalhas pelo gramado (que poucas pessoas usaram), usamos a mesa fora do trailer para apoiar a maioria das comidas, balões com gás helio e cataventos. De lembrancinha, vasinhos de lavanda para os adultos e bolas para as crianças. Sol, céu azul, clima ameno, um gramado para as crianças correrem e amigos com quem conversar. Tudo isso junto e tivemos uma tarde super agradável para comemorar o dia que a nossa pequena se juntou à nós aqui nesse mundo. Para comemorar aquele que foi o primeiro dia de todos os outros dias mais felizes da nossa vida!

Algumas fotos…

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antes da festa começar

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antes da festa começar

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mesa montada

foto 2

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ajuda bem vinda pra cortar a melancia

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o bolo

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as fotos das acampadas de cada mês

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copo adotado

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mamando no trailer

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ela dormiu…

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Manu com o mesmo vestido que eu usei no meu aniversário de 1 ano

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a lembrancinha para as crianças

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assoprando as velinhas

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as lembrancinhas para os adultos

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deixando uma mensagem pra Manu

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PS1: pra ver as 12 primeiras acampadas da Manu, aqui

PS2: os molhos fizeram bastante sucesso, mas o molho de tomates com ameixas se superou! receita daqui. recomendo o molho e o site todo. também foi dele as receitas dos molhos de tahine e o homus.

 

o mundo dela

gotas

Quando a Manu ainda era só uma idéia, eu vi uma vez uma reportagem na tv falando sobre bebês sem berço. Falava-se sobre a questão de dar liberdade ao bebê, que poderia, quando acordasse, sair da sua cama e fazer aquilo que ele quisesse, brincar com o brinquedo que ele escolhesse, e também voltar a dormir depois disso, se assim ele desejasse. E aquilo pra mim fez todo o sentido. Aquela idéia ficou lá guardada, esperando o dia em que eu precisasse colocá-la em prática. E daí que antes mesmo de engravidar, os quartos montessorianos entraram em pauta, ela colocou em prática na sua casa, outros links me levaram a ela, e por fim cheguei a ele. Depois de muito ler, estudar, vi que aquele colchão no chão realmente fazia sentido pra mim. Já faz um tempo que eu tenho tentado viver fora do automático (veja bem, tentado, porque nem sempre eu consigo). E para isso acontecer, as coisas precisam fazer sentido, sabe? No coração e na cabeça. As minha escolhas tem que ser uma escolha, tem que fazer sentido, não importa se ela é igual ao que todo mundo faz ou se ela é diferente do que todo mundo faz, desde que ela faça SEN-TI-DO. Porque depois que faz sentido, se pelo caminho algo der errado, fica mais fácil de aceitar, mais fácil de arrumar, e eu não vou precisar procurar alguém pra colocar a culpa, o que me poupa um bocado de energia.

Bom, tudo isso pra dizer que Manu sempre foi um bebê sem berço. Optamos (eu e o Marcos, juntos) por fazer um quarto que seguisse os preceitos da Maria. A gente na verdade não gosta muito desse negócio que colocaram na cabeça das pessoas de enxoval de bebê, por motivos mil. E nós gostamos de colocar a mão na massa. Se der pra gente fazer, a gente faz. Então tá, vamos lá. Precisávamos de um colchão, um colchão que fosse adequado para um bebê, mas que também servisse pra quando ela estivesse maiorzinha. Se o prazo de validade de um colchão é de 5 anos, ele teria que ser útil pelo menos por esse período. Compramos um colchão de solteiro densidade 23. Para o colchão não ficar direto no chão, para evitar friagem e para o colchão respirar, o Marcos fez uma base de mdf que ficou uns 2 cm afastada do chão, com uma borda que serve pra manter o colchão no lugar. Basicamente, o que a Manu precisava era isso. Mas a vida não se faz só de necessidade, também precisa de beleza, de carinho, de cor… Pintamos as paredes de branco, porque eu queria poder ter as cores que quiséssemos no resto. Ai eu tinha que escolher um tecido, porque fizemos um acolchoado na lateral do colchão. Demorou até achar um tecido que não tivesse tema, mas que tivesse cores. Encontramos o tecido, e com ele fizemos as laterais acolchoadas com mdf + espuma do meu antigo colchão de solteiro. Também fiz um futon para colocar ao lado do colchão e ajudar a amortecer quando ela começasse a fazer as travessias colchão-chão e um rolo de espuma, para limitar o espaço quando isso fosse necessário. Tudo feito por nós, hand made total. Então, basicamente o colchão de solteiro ficou dividido em dois espaços: o espaço de dormir (com os acolchoados na parede) e o espaço de brincar. No espaço de brincar colamos um espelho de acrílico na parede e penduramos no teto um gancho onde colocamos uma fita de cetim com uma argola na ponta, que seria o suporte para os móbiles. E assim o cantinho da Manu ficou pronto.

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No resto do quarto colocamos uma cômoda (já que neste quarto não temos guarda-roupa), uma poltrona e um baú. Um tapete antigo que foi feito pela avó do Marcos e um outro tapete em lã de carneiro (eu quando criança sempre tive tapete de lã de carneiro no quarto, e isso faz parte da minha história, ele me remete a ótimas lembranças… queria que a Manu também tivesse o dela). Os tapetes não são apenas decorativos, eles fazem parte do processo de exploração do espaço e a Manu realmente interage com eles. Eles delimitam espaços e tem texturas e cores diferentes para serem explorados.

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Hoje, com a Manu com 9 meses, tenho absoluta certeza que essa foi a melhor escolha que fizemos para o quarto dela, levando em conta o tipo de vida que nós levamos e o tipo de criação que temos procurado praticar. É muito legal ver o ambiente evoluindo junto com ela. A poltrona já saiu de cena e se mudou para o meu quarto. Os móbiles também já não tem mais audiência, mas foram MUITO importantes para o seu desenvolvimento quando ela era bebezinha e ficava um bom tempo olhando para eles. Também foram os móbiles que ensinaram a ela os primeiros movimentos voluntários com as mãos e pés. E o espelho, esse continua lá, e arrisco dizer que é a grande estrela do quarto dela. Ela se olha no espelho desde muito cedo, interage com ele, interage com a gente através dele. Bate, encosta, lambe, sorri. Aliás, sorri sempre que se depara com qualquer espelho. Espelho é sinônimo de diversão garantida.

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E agora, como ela tem autonomia de movimento, o espaço vai ganhando altura para ela, e ela começa a explorar as outras coisas. Descobriu os quadros nas paredes, as gotas de cor que ficam na parede da cama, o móbile de passarinhos do teto, se apoia na cômoda e no baú para ficar em pé. E o mais importante: ali ela é livre, ELA quem escolhe com o que e em que parte do quarto quer brincar. E ela entra e sai do seu quarto a hora que bem entender, o que é fundamental. Eu credito a essa construção do espaço muito do desenvolvimento dela. Um bebê precisa de pouco para se desenvolver, acredito inclusive que o pouco é fundamental e que o muito atrapalha. Um bebê precisa de espaço, para que possa ter liberdade de movimento. Ele precisa ter amplitude no seu campo visual, para que a vida e a curiosidade que lhe despertam não sejam contidas por barreiras físicas. Ele precisa de autonomia para seguir a sua própria natureza. Ele precisa experimentar através de si mesmo.

Eu tenho buscado interferir e direcionar o mínimo possível. Não acho que meu papel tenha que ser de guia, acho que esse é o papel dela, que vai ME guiar para que eu possa acompanhá-la em sua jornada de descobrimento da vida. O meu papel é de proporcionar um ambiente seguro, para que ela saiba que cair faz parte e que levantar também, sem que isso provoque grande estragos. Estou contente no papel de espectadora, vendo o milagre da vida acontecer todos os dias, invariavelmente, bem embaixo do meu nariz.

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