o quintal

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Não sei se é o excesso de energia da Manu ou a minha que anda meio baixa e os hormônios muito loucos. Não sei se foi a diminuída no ritmo das nossas viagens acampando. Não sei se é o efeito que o sol e o cheiro do calor tem em mim. Não sei… eu ando não sabendo tanta coisa.

A verdade é que tenho me sentido meio presa… presa nessa cidade cinza, onde o cheiro que os (poucos) pingos de chuva levantam são de poeira e não de terra.

Meu pequeno quintal tem parecido ainda menor. Meu quintal, tão desejado pela gente, onde um dia houve uma edícula e nenhum sol. Meu pequeno quintal, que tem grama, pé de acerola, pé de limão, pé de jabuticaba, pé de maracujá e pé de pinhão, e não tem nem dez metros quadrados de terra meu quintal. Tem pé mas não tem fruta, talvez porque tenha mais sombra do que sol. Quer dizer, tem banana e mamão, pros sabiás, bem-te-vis, bananinhas, maritacas, sanhaços, beija-flores e até rolinhas, nossos amigos pássaros e seus filhotes que vivem aqui e vivem lá. Também tem um laguinho, meu quintal. E tem peixinho, que se reproduz e que novos peixinhos nascem. Tem planta que hoje é adulta e que veio pra cá filhote, trazida de outros lugares. Tem mais de vinte espécies de orquídeas, as flores que minha mãe amava. Tem vaso com pé de abacate, que nasceu da semente do abacate que a Manu comeu, quando começou a se aventurar pelo mundo dos sabores. Tem de uva também. Tem temperos que mudam sempre de lugar, na tentativa de fazer uma horta vingar. Cinco anos aqui e esse negócio de horta ainda é um desafio.

Tudo isso pra dizer que eu amo meu quintal, mas ele tem estado pequeno pro meu estado de espírito. A Manu adora o quintal, chora quando a porta está fechada e ela só acessa ele pelo olhar através do vidro. Ela gosta de puxar as folhas da lavanda e depois cheirar, fazendo “huuuum”. Gosta de pegar a terra e sentir escapando pelos dedos pequeninos. E gosta, principalmente, de bater a mão na água, de colocar o pé na água. Ô menina pra gostar de água! Os peixinhos nem ligam, enquanto ela bate sua mãozinha eles ficam todos ao redor… vai ver gostam de bagunça também.

Acho que no fundo ela sabe que o mundo não é só o quintal. Que na verdade o mundo é que é o quintal dela.

Pra encerrar, um trecho de Maria Montessori, pra gente manter sempre em mente e nunca esquecer:

“A criança tem uma relação com o meio ambiente diferente da nossa. Os adultos admiram seu meio ambiente; são capazes de se lembrar dele e pensar nele; mas a criança o absorve. As coisas que ela vê não são apenas lembranças; elas formam parte de sua alma. Elas incorporam todo o mundo que seus olhos veem e que seus ouvidos escutam. Em nós, as mesmas coisas não produzem mudanças, mas a criança é transformada por elas.”001 002 003 004 005

 

420° ou quase isso

DSC_5529 Outubro de 2014 Dia das crianças a gente passa brincando… então levamos a Manu pra brincar na praia! Aproveitamos a ocasião para fazer algo que já queríamos ter feito há tempos, que era levar a Manu pra acampar de barraca. Na verdade íamos fazer isso em novembro do ano passado, nesse mesmo camping, mas na época o camping já estava cheio e não conseguimos fazer reserva. Pra gente, que hoje acampa de trailer, era muito importante que a Manu acampasse logo de barraca, para que ela vivesse essa experiência e experimentasse coisas diferentes.Foi assim que eu comecei a acampar, há dez anos atrás, foi assim que eu me apaixonei pelo universo campista. Eu, particularmente, adoro a barraca, principalmente dormir na barraca. É lógico que o trailer traz comodidades muito legais, como a praticidade de estar quase tudo pronto, ter seu próprio banheiro e cozinha, estar longe do chão em dias de chuvas fortes. Mas eu ADORO dormir na barraca, e estava com saudades de acampar assim. Acampar de barraca é muito legal e pode ser muito confortável também, desde que haja uma organização prévia. Para quem nunca acampou e quer se aventurar, o MaCamp conta com um excelente guia para iniciantes. Antes de ir, é importante pesquisar sobre o camping escolhido e entrar em contato com o estabelecimento para ver se está aberto/funcionando. Nunca vá pra um camping sem ligar antes, se você não quiser ter dor de cabeça. O camping escolhido foi o Itamambuca Eco Resort, em Ubatuba, SP. Esse camping é considerado, em muitos lugares, um camping 5 estrelas. Tem lugar até que diz que é o melhor camping do Brasil, o que na minha opinião não é verdade. O camping é sim muito bom, já que tem uma localização privilegiadíssima, fica entre dois braços de rio, os mesmos que separam o camping da praia. Fora a localização, o serviço e a infra-estrutura são bons, o que se deve mais ao fato de o camping estar dentro de um resort (esse sim 5 estrelas) do que pelo camping em si. Os banheiros são bons, mas são antigos, e dos 5 chuveiros quentes do banheiro feminino, apenas dois de fato esquentavam, sendo que um deles saía uns 5 jatos de água, pois estava com os furinhos todos entupidos. Reclamamos na administração, que nada fez, e essa falta de atendimento ao campista conta muito na hora de classificar um camping como excelente. O restaurante que atende à área do camping estava fechado, pois só abre em alta temporada, mesmo tendo mais de 50 barracas naquele final de semana. Tirando essas coisas, que para o campista de verdade são de suma importância, o camping ainda sim é muito bom, principalmente por sua localização, e vale a pena a visita. E pretendemos sim voltar lá. Ah, ia me esquecendo. Antes de ir é preciso entrar em contato com eles e fazer uma reserva, pagando 50% antecipadamente. É preciso fazer reserva porque caso você chegue lá e o camping esteja lotado, você não vai nem poder entrar, o que já aconteceu conosco uma vez.

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a entrada do camping pela praia

a praia

a praia

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camping

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camping

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o rio e a praia vistos de onde montamos a barraca

Quanto ao que levar: em primeiro lugar, não se assuste com o fato de haver um bebê ou criança envolvidos no acampamento, porque eles não exigem grandes coisas nem grandes tralhas. Crianças são simples, aprenda com elas! Geralmente quem complica é o adulto, que também é o dono/dependente da tralha. Criança precisa de atenção, de carinho, uma área sombreada e comida de qualidade, além de uma malinha com roupas e os produtos de higiene. Todo o resto necessário para acampar independe de haver ou não criança envolvida. Algumas dicas: não leve carrinho de bebê, um milhão de brinquedos, banheira. O carrinho de bebê vai ocupar um espaço precioso e, sinceramente, é desnecessário, principalmente se o destino for a praia. Um sling ou canguru são mais que suficientes, e vão tornar passeios e caminhadas muito mais fáceis, tanto na questão do acesso aos lugares quanto no fator aconchego/sono. Se o bebê for bem pequeno, também dá pra usar o bebê conforto que obrigatoriamente será levado em uma viagem de carro, não ocupando assim espaço extra. Brinquedos, leve o mínimo possível, que possa ser usado para a criança se distrair no carro durante a viagem e no caso de praia, algum baldinho ou coisa parecida. Lembre-se que a viagem por si só já é um grande atrativo para a criança, que ela terá todo um novo espaço para ser explorado. Abra espaço para que a criança interaja com a natureza e as possíveis novas amizades que o camping proporcionará. Na hora do banho, organize um esquema com a pessoa que te acompanhar na viagem, seja o pai/mãe, um parente ou amigo: leve o bebê/criança para tomar banho com você, no colo mesmo, e peça para a outra pessoa pegá-lo quando terminar, para que você possa tomar o seu próprio banho. Aqui em casa a Manu toma banho no chuveiro com a gente desde os 15 dias de vida e sempre foi muito tranquilo. No camping nós fizemos assim: eu ia de biquini para o banho com a Manu, e enquanto dava banho nela o Marcos tomava o banho dele no banheiro ao lado. Quando eu terminava, vestia um roupão na Manu e enrolava uma toalha nela e o Marcos a pegava na porta do banheiro feminino, e ia com ela para a barraca para vesti-la, enquanto eu voltava pro banheiro e tomava o meu banho, simples assim. Quanto à alimentação, acho que de todos os itens esse deve ser o que pode dar um pouco mais de trabalho, mas mesmo assim não é nenhum bicho de sete cabeças. Quando a Manu só mamava era mais fácil ainda, não precisávamos nos preocupar com nada. Agora que ela já come, a preocupação é garantir uma alimentação de qualidade para ela. A Manu não consome nenhum tipo de comida industrializada, então eu comecei a preparar algumas coisas com antecedência. Fiz um pão caseiro para levar, pão esse que seria o pão que nós consumiríamos e que a Manu também poderia comer se quisesse. Levei alguns potinhos com porções individuas de comida caseira congelada, que acondicionamos em uma caixa térmica com gelo, que na verdade é o item que dá mais trabalho, pois é preciso ficar de olho e colocar mais gelo antes que o anterior acabe. Dá trabalho mas não é um problema, já que geralmente sempre tem gelo à venda nos campings ou em lugares próximos a ele. No caso dessa viagem, até havia gelo à venda no camping, mas acabamos comprando em um mercadinho próximo, e só precisamos colocar mais gelo uma vez nesses 3 dias. No mais, levamos muitas frutas, legumes para cozinhar e arroz. Acho legal deixar para comprar carnes/peixes no local, na quantidade certa para consumir na refeição que será feita. Ah, e claro, levar bastante água para beber! No mais, segue uma lista dos itens que levamos para acampar. Nós geralmente levamos bastante coisa pro camping, porque gostamos de ter um mínimo de conforto. Antes do trailer nós usávamos uma carretinha que rebocávamos com o carro, onde ficavam todos os nossos apetrechos, que não eram poucos. Dessa vez fomos sem carretinha e levamos tudo no porta-malas do carro.

  • barraca
  • lona para colocar embaixo da barraca (no caso esses plásticos pretos, baratinhos, que protegem o piso da barraca e ajuda a não sujar)
  • piso ecológico para colocar em frente à barraca
  • tenda
  • extensão e fio com soquete para iluminação
  • fogareiro e botijão de gás pequeno
  • apetrechos de cozinha: panelas, pratos, talheres, copos, balde, bucha, detergente, etc.
  • mesa pequena
  • cadeiras
  • colchão inflável, travesseiros, roupa de cama (incluindo um cobertor)
  • churrasqueira pequenininha (alguns campings tem churrasqueiras, então é um item dispensável)
  • caixa térmica
  • caixa de mantimentos
  • guarda-sol

Bom, acho que foi isso. São poucas coisas, mas que garantem um acampamento com bastante conforto. Então vamos à viagem! Saímos de casa na sexta pela manhã, almoçamos na estrada, na região do Planalto, antes de descer a serrinha de Taubaté. Cinco horas depois estávamos no camping. Arrumamos as coisas e ainda deu tempo de aproveitar um pouco a praia e Manu tomou seu primeiro banho de rio. Ela amou, ficou eufórica, sem se importar com a água fria.

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nosso acampamento

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Manu estreando a barraca

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Manu estreando o rio

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quem tem medo de água gelada?

Tomamos banho, jantamos e Manu capotou, dormiu super cedo. No meio da madrugada ela acordou, tamanha era a claridade lá fora. Até pensamos que já era de manhã, mas quando olhei no relógio eram 2 horas da madrugada. Fui lá fora olhar e aquele clarão toda vinha da lua, que estava bem ali, em cima de nós, brilhante e prateada, reinando com uma claridade incrível. Manu acendeu, e nós também. Nos agasalhamos, saímos da barraca e fomos dar uma volta na beira do rio pra fazer o sono voltar. O sono voltou e nós dormimos, até acordar com calor e a claridade, agora do sol. O sábado amanheceu lindíssimo, azul sem uma nuvem no céu. Passamos a manhã na praia, entre a água do mar e do rio. Voltamos para o camping para almoçar e assamos uma carne na churrasqueira. À tarde aproveitamos a piscina do camping e à noite teve janta comunitária com uns amigos que fizemos por lá.

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acabando de acordar

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na beira do rio…

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no rio

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na piscina

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na piscina

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na barraca

Domingo amanheceu em meio à névoa e com vento gelado, e assim ficou o resto do dia, céu nublado mas sem chuva. Caminhamos na praia, passeamos pelo camping/resort, almoçamos e fomos dar uma volta de carro. À noite jantamos de novo com os novos amigos do camping.

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na balsinha que atravessa o rio

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caminhando na praia

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pelo camping

DSC_5367          DSC_5379 Segunda o plano era ir embora logo cedo, mas o dia amanheceu lindo, e não deu pra resistir. Aproveitamos que acordamos bem cedo e fomos para a praia, já que a vida é uma só. Ficamos ali no rio e até fizemos stand up paddle na prancha de outros amigos que fizemos por lá.

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o mar

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o mar

de cavalinho

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de cavalinho

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de cavalinho dentro do rio

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no rio

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no rio

Quando o sol já tinha esquentado demais voltamos para o camping, arrumamos nossas coisas e fomos embora. Almoçamos em um restaurante ali perto, compramos cacau fresco e um cacho de banana ouro e subimos a serra. Chegamos em casa no final da tarde, depois de três horas e meia de viagem.

Total rodado: 595 km

dando a volta ao redor do Sol: cinco doze avos ou 150°

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Janeiro de 2014

Na viagem do quinto mês da Manu tínhamos acabado de voltar da outra viagem. Mal tivemos tempo de arrumar todas as coisas. Para não furar a comemoração, escolhemos um camping bem pertinho e aproveitamos para descansar.

Fomos para Araçariguama, no Camping Serra da Estrela. O camping é bom, tem quadras, piscinas. Mas é daqueles campings com cara de condomínio, sabe? Basicamente um camping de equipamentos roda-quadrada, com pequenas construções em volta. Tem muitas vagas para equipamentos em trânsito, geralmente vagas onde um dia algum trailer ficou ali parado. A área do camping está muito bem cuidada, apesar do caráter roda-quadrada do camping. No geral os equipamentos estão bem cuidados e não vimos aquelas aberrações de lonas e construções estranhas que geralmente encontramos quando isso acontece. A área de barracas é razoável e os banheiros também. Poderia melhorar bastante.

Bom, saímos de casa no final da tarde de sexta-feira, e demoramos 1 hora só para conseguir chegar na Castelo. Chegamos no camping de noite, duas horas e meia depois de ter saído de casa. Todo esse tempo para percorrer apenas 61 km!

Como já estava escurecendo, escolhemos uma vaga para trailer, arrumamos as coisas rapidamente e pedimos uma pizza, que foi entregue ali no camping mesmo.

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o primeiro lugar que paramos o trailer

No dia seguinte acordamos e fomos ver direito onde tínhamos parado. O lugar era legal, mas como minha irmã e meu cunhado viriam passar o fim de semana com a gente na barraca, vimos que o banheiro ficava muito longe e mudamos o trailer para um lugar que fosse mais próximo. O ruim desse lugar  é que não tinha árvores, e por isso não tinha sombra! Portanto, foi um fim de semana de muito sol e calor.

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devidamente instalados

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com a titia

Fizemos churrasco, todos aproveitaram muuuuito a piscina do camping e eu a Manu a piscininha dela! E nosso fim de semana e o 5º mesversário da Manu foi assim: tranquilo e de muito sol!

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dormindo depois da piscina

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No domingo saímos do camping no final da tarde e uma hora depois já estávamos em casa!

Total rodado: 127 km