2 anos e uma nova volta ao redor do sol que começou

DSC_7780

E ai que dois anos se passaram desde aquele dia, AQUELE dia. O dia do aniversário de um filho é um dia para se comemorar durante todos os outros dias do ano, em todos os anos da nossa vida. É o dia que você chora enquanto canta parabéns e ouve as pessoas queridas que tanto querem bem à sua filha cantando “muitas felicidades, muitas anos de vida, pra ela tudo!”. É o dia em que eu entendo perfeitamente porquê minha mãe ficava tão feliz nos dias do meu aniversário e nos da minha irmã, e nesse dia eu espero que a Manu se sinta tão amada e querida e especial e importante como minha mãe nos fazia sentir. Se tem um motivo que me faz adorar fazer aniversário é esse: sentir que a gente é amado, sentir que a vida da gente faz a vida do outro fazer sentido, ser mais feliz. Mesmo quando esse outro não está mais aqui. Não era a super festa ou o super presente: era ela abrindo a janela do quarto enquanto me acordava cantando parabéns, o vaso de flores que ela comprava todos os anos, o bolo encomendado no sabor que nós escolhíamos, a alegria com que ela recebia os meus amigos na nossa casa, e nos beijos e abraços que ela nos dava ainda mais nesses dias, numa façanha que só ela era capaz, já que minha mãe sempre nos beijou e abraçou muito. Por isso eu desejo à Manu que nesses dias, nos dias do seu aniversário, ela receba ainda mais amor e não duvide nunca o quão especial e amada ela é.

Esse ano fizemos a festinha dela em casa mesmo, só para os familiares e os amiguinhos bem próximos. Havíamos acabado de voltar de uma viagem onde ficamos mais de um mês fora de casa e tivemos duas semanas para pensar em tudo. Mas como seria uma festa simples, onde o que importava era celebrar aquele dia, e deu tudo certo (ou quase).

Novamente eu optei por fazer somente comidas que a Manu também pudesse comer. Primeiramente porque se a festa é dela, não faz o menor sentido que ela não possa comer, se quiser, tudo o que é oferecido. Segundo porque a gente precisa rever o conceito de comida de festa (assim como precisamos rever nossa alimentação no dia-a-dia, mas hoje o assunto é festa, então vamos nos ater a isso). Terceiro que não é açúcar e fritura que traz felicidade pra criança, não caiamos nessa. Felicidade não é medida pelo nível de açúcar no sangue, doença sim. E sabe, eu tenho pensado muito nisso, na nossa responsabilidade coletiva. Porque sim, somos todos responsáveis pelo mundo à nossa volta, principalmente pelo entorno do nosso próprio umbigo. Porque temos responsabilidade pela comida que oferecemos, a começar por nós mesmos e pelos nossos filhos, mas também para aqueles que visitam a nossa casa. Para não me estender demais em outros assuntos que poderiam ser abordados aqui, vou me ater à comida. Quando a Manu começou a comer, há 18 meses atrás, nós mudamos também a alimentação da casa. Não só ela começou a comer orgânico, como nós também. Por ela não comer comida industrializada, nós também passamos a quase não comê-la. Se não faz bem pra ela, também não faz bem pra mim e para o pai dela. E se eu quero ver minha filha bem, eu preciso estar bem também, cuidar da minha saúde é uma das maneiras mais honestas de amor que eu posso lhe oferecer. E qual seria a coerência de oferecer para outras pessoas, outras crianças, aquilo que eu NÃO ofereço para minha filha e evito para mim mesma? Onde foi que nós perdemos o nosso senso de responsabilidade para com os outros? Eu não sou responsável pela escolha do outro, mas será que isso me isenta de responsabilidade enquanto integrante de um coletivo? Um pai/mãe não tem responsabilidade se a comida oferecida na escola, ou se a lancheira dos amigos é cheia de porcarias? Eu escuto taaaanto as pessoas falando que agora eu fico tomando cuidado com a comida da Manu, mas que quando ela for pra escola ela vai se encher de porcarias, e isso me revolta muito, como se fôssemos obrigados a engolir que isso é uma questão imutável e que não compete à nós, como se não fosse possível atuar junto à escola e aos demais pais para a melhoria da qualidade do que é consumido. Em que momento nós perdemos a força de fazer valer o que é bom em termos de saúde? Em que momento a escola (ou a comida da escola) virou uma fatalidade que temos que colocar goela abaixo? Em que momento a saúde das crianças passa a ser menos importante do que o lado “social”? Por que escolher saúde virou sinônimo de radicalismo? E encerrando, porque esse post não deveria ser sobre isso, mas acabou sendo, segundo o dicionário formal:

ra.di.cal
adj m+f (lat radicale) 1 Pertencente ou relativo à raiz. 2 Que parte ou provém da raiz. 3 Relativo à base, ao fundamento, à origem de qualquer coisa; fundamental. 4 Completo: Cura radical. 

Então, eu faço um apelo: paremos de chamar de radicais pessoas que estão buscando uma alimentação natural, buscando escolhas conscientes. Deixemos o adjetivo radical, no sentido pejorativo, para quem realmente está fazendo coisa ruim por aí. Radicalismo é viver à margem da consciência, deixando que outras pessoas/empresas/interesses decidam por nós.

Bom, vamos à festinha, porque na verdade minha intenção com esse post é mostrar que dá pra oferecer comida saudável e feita com carinho.

A festa foi no meio da tarde, então optamos por torta e sanduíche. Fiz duas tortas com massa do tipo podre (com água e azeite no lugar do leite e da manteiga e farinha de aveia e integral no lugar da branca) e recheios de palmito ou cogumelos com alho poró e quinoa. Os sanduíches foram feitos com pão encomendado na padaria e tinham os seguintes recheios: lombo com purê de maçã, lombo com pasta de feijão branco e cenoura, copa de lombo com hummus, hummus com cenoura. Os defumados, copa e lombo, eu encomendei em um lugar que faz defumados artesanais, e não levam nada além de sal. As pastas eu fiz em casa. Além destas eu também fiz patê de nozes com azeitonas, mostarda forte e maionese de abacate, para comer com pãozinho.

Para beber tinha suco de maçã e água saborizada com amoras, limão e hortelã. Para os adultos, cerveja.

O bolo era de maçã com recheio de geleia de morango, amora e uva passa, com cobertura de doce de coco (o único açúcar do bolo era o açúcar de coco na cobertura) e frutas frescas – morango e physalis. Também fiz curau com leite e açúcar de coco e cocadas macaroon com flor de lavanda.

Vamos às fotos e no final de tudo coloco os links das receitas.

DSC_7698

sanduíches

pra beber

pra beber

mesa do bolo

mesa do bolo

o bolo

o bolo

DSC_7690 IMG-20150824-WA0002 IMG-20150824-WA0003

DSC_7743 DSC_7748 DSC_7751 DSC_7760 DSC_7763

  • Defumados DAQUI, feitos com carne de qualidade e sal, nada além disso. Sem conservantes e aquele monte de coisas que encontramos nos defumados e embutidos por aí. Os produtos são deliciosos e eles foram super eficientes na entrega, já que eu acabei fazendo o pedido em cima da hora. Eles não tem loja física, a venda é feita pela internet e eu super recomendo.
  • Pasta de feijão branco , receita AQUI
  • Hummus, receita AQUI
  • O purê de maçã eu fiz com maçã cozida no vapor e batida no processador com um teco de sal rosa do himalaia
  • Patê de nozes com azeitona, receita AQUI
  • Maionese de abacate, receita AQUI
  • Mostarda forte caseira (que é a mesma que vai na receita da maionese), a receita eu adaptei DAQUI. Na verdade cada vez que eu faço essa mostarda eu faço de um jeito, e na minha não vai mel.
  • Curau: 4 xíc. chá de milho verde (fresco e orgânico), 3 xíc. chá de leite de coco (caseiro), 1 e 1/2 xíc. chá de açúcar de coco (mas pode ser menos, achei que ficou doce demais), 1 pitada de sal rosa. Bate o milho com o leite no liquidificador, coa e leva o líquido para a panela junto com o açúcar e o sal até engrossar. Para quem quiser saber mais sobre o açúcar de coco, AQUI tem boas informações.
  • O bolo de maçã eu nem vou passar a receita, porque na verdade quero encontrar uma versão melhor, achei ele meio sem graça. Mas os ingredientes que eu usei foram: várias maçãs, uma banana, uva passa, nozes, farinha de aveia, ovos e extrato de baunilha caseiro. O recheio eu fiz com morangos orgânicos, amoras e um pouco de uva passa, que cozinhei na função geleia da máquina de pão. Fica uma delícia, com um cheiro e cor incríveis, e naturalmente doce.
  • A cobertura do bolo foi uma versão de leite condensado caseira, só que feito com leite de coco caseiro e açúcar de coco, além de uma fava de baunilha. Para fazer leite condensado usa-se, para 1L de leite, 300g de açúcar, que é levado ao fogo baixo por +- 30min, mexendo sempre, até reduzir e dar uma leve encorpada. Feito isso é só bater na batedeira para esfriar e levar à geladeira para terminar de encorpar. Como eu fiz com açúcar de coco ele ficou marronzinho (que é a cor natural do açúcar de coco) e por isso ele ficou mais parecido com um doce de leite do que com um leite condensado. Joguei essa mistura em cima do bolo com generosidade e por cima coloquei morangos e physalis. O bolo ficou lindo e se a receita da massa fosse melhor, teria ficado incrível.
  • As cocadas macaroons, que na verdade são cocadas assadas, eu fiz usando o “bagaço” do coco que sobra quando eu faço o leite. A base da receita eu peguei AQUI, mas usei o açúcar de coco em menor quantidade do que pede a receita e não coloquei mel. Também coloquei flor de lavanda, mas no final ficou forte demais e um pouco enjoativo.

 

 

A volta ao redor do Sol e o piquenique

DSC_4396A

A Manu completou sua primeira volta ao redor do Sol e fizemos um piquenique para comemorar. Escolhemos um parque onde não tivéssemos a sensação de estar no meio da cidade, cercados de prédios e trânsito. Queríamos um parque onde pudéssemos ter a sensação de estar no lugar onde passamos todas as comemorações dos 11 mesversários da Manu: o camping! E nada melhor que um antigo camping, não é? Escolhemos o Parque Cemucam (Centro Municipal de Campismo), que funcionava como camping antigamente e fica no município de Cotia, apesar de pertencer à cidade de São Paulo. É um parque enorme, tem churrasqueiras, quadras, circuito para bicicletas e até um viveiro de árvores.

Foi um piquenique para poucas pessoas, só a família mais próxima e os amiguinhos da Manu. Como a festa era para ela, achei justo que tudo o que houvesse para comer ela pudesse comer também, mesmo que ela não fosse comer tudo o que tinha ali. Tudo foi feito e preparado por mim, com exceção dos pães, já que eu não daria conta de fazer a quantidade de pão necessária. Mesmo assim, fiz alguns pães integrais e italianos, que seriam os pães que a Manu poderia comer, caso ela quisesse, já que eu ainda não dou para ela nada que eu mesma não tenha preparado, por não ter controle sobre os ingredientes envolvidos. Sim, eu sou radical com o que ela come! Tem gente radical com o combustível que coloca no carro, eu sou radical com o que alimenta a minha filha!

Então o cardápio foi:

  • legumes e verduras, para serem consumidos com os molhos que eu preparei: pepino, cenoura, nabo, tomatinho cereja, brócolis, acelga, erva doce
  • milho cozido
  • pães da padaria e caseiros
  • molhos: pesto (com noz pecã e sem queijo, já que a Manu ainda não consome laticínios), chimichurri, molho de tahine, molho de mostarda, homus, molho de tomate com ameixa
  • frutas: abacaxi, carambola, kiwi, mexerica, uva, melancia, banana
  • para beber: dois tipos de água saborizada (limão siciliano, alecrim, carambola e gengibre / amora, hortelã, capim limão e cravo da índia), suco integral de uva (sem conservantes e outros aditivos), água natural e vinho branco para os adultos
  • bolo de banana com maçã, frutas secas, noz pecã, especiarias, aveia e cobertura de “geléia” de damasco seco; fiz dois bolos, um com a noz pecã e o outro com castanha de caju

Eu sabia que o cardápio desapontaria alguns adultos e crianças, mas optei por ele com muita consciência e principalmente com muita honestidade em relação ao que eu acredito e em relação à minha filha. Eu também adoro doces e afins, mas acho que a quantidade que consumimos extrapola em muito o que deveríamos consumir mesmo. E paladar é algo que se constrói, e o da Manu está sendo construído. No mundo dela a variedade de sabores é enorme, permito que ela experimente de tudo, desde que seja natural e comida de verdade. Ela já provou uma variedade bem grande de frutas, legumes e verduras (de acordo com o que a natureza produz no decorrer do ano), vários tipos de cereais (arroz, centeio, trigo, aveia, cevadinha, quinoa, amaranto), quase todas as leguminosas, cogumelos e mais recentemente começou a comer carnes. Não há açúcar ou leite de vaca na alimentação dela, então não havia porque ter isso no dia da festinha dela, por uma questão de coerência que EU faço questão de manter. Enquanto escrevo isso fico aqui tentando medir as palavras, porque não quero que isso pareça uma crítica àqueles que fazem diferente disso, que na verdade é uma maioria. Estou expondo apenas o MEU modo de fazer, não querendo dizer que essa é a maneira correta e nem julgando quem faz diferente, estou simplesmente expondo a maneira que escolhemos de conduzir a nossa vida a três.

Voltando ao piquenique…

Colocamos algumas toalhas pelo gramado (que poucas pessoas usaram), usamos a mesa fora do trailer para apoiar a maioria das comidas, balões com gás helio e cataventos. De lembrancinha, vasinhos de lavanda para os adultos e bolas para as crianças. Sol, céu azul, clima ameno, um gramado para as crianças correrem e amigos com quem conversar. Tudo isso junto e tivemos uma tarde super agradável para comemorar o dia que a nossa pequena se juntou à nós aqui nesse mundo. Para comemorar aquele que foi o primeiro dia de todos os outros dias mais felizes da nossa vida!

Algumas fotos…

foto 29

antes da festa começar

foto 30

antes da festa começar

foto 3

mesa montada

foto 2

DSC_4050

DSC_3894

DSC_3912

DSC_3927

DSC_3938

ajuda bem vinda pra cortar a melancia

foto 25

o bolo

DSC_3892

as fotos das acampadas de cada mês

DSC_3914

copo adotado

DSC_4071

DSC_3923

mamando no trailer

DSC_4199

ela dormiu…

DSC_3991

Manu com o mesmo vestido que eu usei no meu aniversário de 1 ano

DSC_3942DSC_3947 DSC_4080

DSC_4346

DSC_4334 DSC_4018 DSC_4015

DSC_3998 DSC_3993DSC_4440 DSC_4409

DSC_4378

a lembrancinha para as crianças

DSC_4278

assoprando as velinhas

DSC_4374 DSC_4371 DSC_4151 DSC_4126 DSC_3982 DSC_4295

DSC_4252

as lembrancinhas para os adultos

DSC_4228

deixando uma mensagem pra Manu

DSC_4251 DSC_4083 DSC_3957

PS1: pra ver as 12 primeiras acampadas da Manu, aqui

PS2: os molhos fizeram bastante sucesso, mas o molho de tomates com ameixas se superou! receita daqui. recomendo o molho e o site todo. também foi dele as receitas dos molhos de tahine e o homus.