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meu limão, meu limoeiro

Daí que o pé de limão resolveu desencantar, cinco anos depois de ter sido plantado no nosso quintal. E aqui em casa temos uma menina doida por limão como a mãe, que toma água com limão desde pequerrucha, e agora deu pra pedir a fruta quando me vê cortando uma. Não só pedir, como chupar. Sem sal, sem açúcar, sem careta! Sem cerimônia, como só as crianças sabem fazer!

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possante

Quando eu era adolescente, sonhava com o dia em que eu faria dezoito anos e ganharia meu primeiro carro. Na verdade eu sonhava que o meu primeiro carro teria aparência de antigo e motor novo e moderno. Eu sonhava que poderia, junto com o meu pai (que é/era engenheiro mecânico), projetar um carro que fosse só meu, feito só pra mim. Que compraríamos uma carcaça de um carro velho e estiloso e que ele montaria um carro com um motor novo e mais algumas modernidades. Ah, a capacidade infinita dos jovens sonhadores… A verdade é que quando eu fiz dezoito anos eu não ganhei carro nenhum: nem velho, nem novo, e muito menos feito só pra mim. Na verdade quando eu fiz dezoito anos eu estava prestes a sair da casa e da cidade que minha mãe morava pra estudar. E nessa altura do campeonato, o tal pai já tinha quase que abandonado seu papel e definitivamente não estava disposto a dedicar seu precioso tempo aos sonhos da filha.

Bom, mas essa é minha história e vamos deixá-la pra lá. A questão é que eu dei um jeito de realizar esse sonho fazendo um carro pra Manu.

Na verdade eu já havia feito um carro pra Manu, um piloto de testes antes desse aí das fotos. No primeiro eu peguei uma caixa de fraldas, virei ela do avesso pro papelão liso ficar pra fora, coloquei o volante, abri as portas, e ela adorou. Esse foi seu carro durante vários meses, e ela realmente brincava muito no seu carro improvisado. Ai um sábado desses voltando da feira, paramos naquela loja grande e famosa que vende coisas de papelaria e escritório e eu comprei uma caixa de papelão nova, sem desenhos ou impressão de marca de produto. E foi aí que eu pude realizar meu sonho, mesmo que de papelão e tinta, de fazer um carro pra minha filha, com um motor novo e possante que ela mesma se encarrega de colocar pra fazer barulho.

A caixa tem 50x30x22 cm e custou menos de 5 reais, e foi o único gasto que eu tive, pois todo o resto eu tinha em casa. Mesmo sendo uma caixa nova, virei ela do avesso, pra esconder umas especificações técnicas que vem escritas nela. Com a tampa de cima, que não seria usada, fiz o encosto, a moldura do pára-brisas (feita com contact transparente) e os retrovisores (que receberam papel espelhado, desses saquinhos de presente). As portas foram recortadas e ganharam maçaneta de velcro, que eu tive que costurar com um barbante, já que a pequena aqui adora abrir e fechar as portas ad infinitum, e só a cola não segurou. O volante, que eu reaproveitei da primeira versão do carro, é um daqueles suportes de tubo de cds virgens, colocado em um papelão e com um parafuso que fez as vezes de trava mas que permite que ele gire. A chave, item super importante por aqui, é do cadeado da bicicleta e o suporte que faz as vezes de contato é um bico desses de confeitar, de plástico, e que eu nunca usei mesmo. Tem até um controle desses de abrir portão, que era pra ficar igual as chaves daqui de casa.

Bom, o resultado final é esse ai das fotos abaixo, fez um enorme sucesso e é com certeza um dos brinquedos preferidos dela. Como eu já falei em outro post, a impressão que eu tenho é que as crianças sentem nas coisas os sentimentos com que elas são feitas. E esses brinquedos feitos à mão sempre fizeram muito mais sucesso que qualquer outro brinquedo comprado. Aqui em casa eu dou preferência para brinquedos de madeira, pano e papel (e não rola brinquedo licenciado, até porque aqui também não rola tv por enquanto, então ela nem faz ideia do que são esses personagens, pra ela uma galinha é só uma galinha, um porco é só um porco, e por ai vai…) e talvez isso acabe influenciando também nas escolhas dela em relação aos materiais de que as coisas são feitas.

Vamos às fotos:

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Aproveite e clique AQUI para ler um artigo excelente sobre brinquedos que brincam sozinhos, escrito no Lar Montessori.

a biblioteca

“A ordem das coisas significa conhecer a posição dos objetos no ambiente, lembrar-se do lugar onde cada um deles se encontra, ou seja, orientar-se no ambiente e dominá-lo em todos os detalhes. O ambiente pertencente ou dominado pelo espírito é aquele que se conhece, aquele onde é possível movimentar-se de olhos fechados e ter à mão tudo o que nos cerca: é um local necessário à tranquilidade e felicidade da vida.  (…) Tudo isso demonstra que a natureza insere na criança a sensibilidade à ordem, como consequência de um sentido interior que não é a distinção entre as coisas, mas a identificação das relações entre as coisas – e, por isso, unifica o ambiente num todo cujas partes são independentes entre si. Tal ambiente, conhecido em seu todo, possibilita a orientação para movimentar-se e alcançar objetivos.”

(trecho do livro A Criança, de Maria Montessori)

Desde que a Manu começou a se interessar efetivamente por livros, conseguindo segurá-los por si só e podendo se locomover até eles, eu queria montar um espaço para deixá-los à disposição e fazer um cantinho para leitura. A questão não era simplesmente montar uma pequena biblioteca, mas organizar as coisas de um jeito que lhe fosse completamente acessível e onde ela tivesse completa autonomia para utilizar aquele espaço. Para que isso fosse possível, os livros tinham que estar expostos frontalmente, assim ela poderia ver a capa e escolher o livro que ela quisesse, além de estar numa altura onde ela pudesse pegar os livros sozinha. Também era importante que esse fosse um espaço bem delimitado, para que ela pudesse reconhecer aquele cantinho como uma espaço de leitura, ajudando-a a se organizar espacialmente.

Antes os livros estavam todos numa caixa de vime em cima da bancada que fizemos pra ela em seu quarto e ela pegava os livros sozinha e vinha sentar no meu colo para lermos juntas, mas a escolha dos livros ficava limitada, já que ela só conseguia ver a lombada deles. Sem falar na questão da organização: ela na maior parte das vezes devolvia o livro para a caixa, mas muitas vezes eles acabavam ficando espalhados.

Depois de pesquisar vários tipos de estantes, optamos por essa que é basicamente feita de ripas de madeira, tinta, corda e ganchos de parafuso. Escolhemos uma parede livre no escritório daqui de casa, onde também estão os nossos livros, pelos quais eu espero que um dia ela também se interesse. O escritório fica no hall em frente ao quarto dela, então a parede com os livros acabou ficando bem em frente à porta, permitindo acesso livre entre o quarto e a biblioteca.

Para fazer a estante usamos 3 ripas de madeira em formato de “L” (que na verdade eram ripas retangulares que foram transformadas em um “L”) com 3 cm de largura e 180 cm de comprimento, parafusadas na parede, a uma distância de uns 25 cm entre elas. Para segurar os livros que seriam apoiados nas ripas passamos uma corda na metade da altura livre de cada fileira: parafusamos 3 ganchinhos em cada fileira. Para demarcar a área da “estante” pintamos a parede com tinta esmalte alto brilho, num retângulo de 190 x 100 cm. Aí foi só esperar a tinta secar bem e passar a corda pelos ganchinhos, tensionando bem a mesma e arrematando com um nó em cada extremidade.

No fim das contas, ficou assim:

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