dando a volta ao redor do Sol: três doze avos ou 90°

DSC_9885Novembro de 2013

Para comemorar os 3 meses da Manu resolvemos que iríamos para a praia. Afinal, já estava fazendo calor (não um calor escaldante, ainda) e ela aos 3 meses já vinha conquistando novos movimentos e já interagia bastante, então achamos que seria legal levá-la para conhecer o mar. Aproveitamos o feriado de 15 de novembro e antecipamos um pouquinho a comemoração. Escolhemos Bertioga, onde tem o camping do CCB, que fica bem perto de São Paulo. O camping faz fronteira com a areia da praia, que ali em frente é bem sossegada, com uma longa faixa de areia que é usada praticamente só pelos campistas, já que o camping fica em uma área resguardada por vegetação e sem urbanização ao seu redor.

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Saímos de casa no dia anterior ao feriado propriamente dito, ainda de manhã, para evitarmos o trânsito caótico que se instala na cidade nessas ocasiões. Uma coisa que de fato mudou na nossa rotina de viagem com o nascimento da Manu foi que agora nós não conseguimos mais sair cedíssimo para viajar, como sempre fazíamos. Primeiro porque, por escolha mesmo, eu evito ficar acordando ela muito cedo, acho judiação, até porque ela costuma acordar mais tarde, é o padrão de sono dela. Talvez quando ela deixar de ser bebê e for maiorzinha e já puder entender o que está acontecendo, a gente passe a acordá-la mais cedo para viajar, mas por enquanto evitamos. E segundo porque nunca sabemos o tempo que vamos levar para acordar, fazer as nossas coisas e depois acordá-la, trocar, dar mamá, essas coisas todas, que envolvem muitas variantes e não é nem de longe uma ciência exata. Mesmo assim, saímos de casa no meio da manhã e em duas horas estávamos no camping.

Essa foi a segunda vez que acampamos nesse camping. Na primeira ocasião, ficamos com o trailer em um lugar que não tinha sombra de árvore nenhuma, e quase cozinhamos lá dentro, definitivamente o ventilador não dava conta. Dessa vez com a Manu, mesmo tendo instalado um ar condicionado no trailer, não dava para correr esse risco. Até porque, mesmo que ficássemos com o ar condicionado lá dentro, precisávamos também que o toldo ficasse em área de sombra, para podermos aproveitar lá fora com ela, já que com um bebê não dá para passar o dia todo na praia. Paramos embaixo de um chapéu de sol com uma sombra maravilhosa e sequer ligamos o ar condicionado. Esse é um fator importante a se observar quando você acampa com um bebê ou criança. Escolher um camping que tenha árvores que forneçam boa sombra é imprescindível, porque você acaba passando mais tempo no seu equipamento (não importa qual seja, barraca, trailer, motorhome), e nada como a sombra de uma boa árvore para ficar com o bebê ao ar livre, que é o intuito primordial do camping, além de tornar mais agradável os períodos que forem passados dentro do equipamento, basicamente as horas de sono, que no caso dos bebês também precisam acontecer durante o dia.

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Nesse camping especificamente tem uma questão com a água, que não chega a ser um problema. Por ser captada de um rio que corre ao lado do camping, a água é salobra e um pouco marrom, principalmente em dias que chove muito. Os banheiros do camping são excelentes, foram reformados recentemente e bem modernos em relação ao padrão dos outros campings da rede CCB. Nos banheiros a pressão da água é grande e são banhos bastante caudalosos, o que atenua bastante essa cor da água, e por isso não vejo problemas na hora do banho. Talvez na hora de escovar os dentes das crianças pequenas seja bom usar a água que é levada para beber, já que eles ainda engolem bastante água nesse processo de escovação. Já para nós, que tomamos banho no trailer, tomamos alguns cuidados. No trailer temos uma caixa d’água, que é abastecida com a água do camping. Dessa maneira a água fica ali parada, e as eventuais sujeiras da água vão ficando depositadas no fundo da caixa. Como a Manu toma banho no chuveiro com a gente, cai bastante água no rosto dela, consequentemente na boca. Para evitarmos eventuais problemas e para tranquilizar a minha neurose, instalamos dois filtros na entrada de água do trailer. Um que usamos sempre, em qualquer camping, que não deixa grandes partículas de sujeira entrar (e assim evita que algum resíduo obstrua o aquecedor de água, que é a gás) e um outro desses que usamos em casa, que retira o cloro e torna a água potável. Nessa viagem também usamos solução de hipoclorito na água da caixa d’água, o que provavelmente foi um certo exagero da nossa parte. Mas de qualquer forma, acho que esses exageros são válidos se isso trouxer tranquilidade para a viagem, e claro, se não forem exageros que demandem grandes ações, para a viagem não virar uma epopeia desgastante.

Dessa vez ficamos 5 dias, já que era um feriado prolongado. Tivemos dias de sol e muito calor, mas nos últimos dois dias o tempo mudou e praticamente só choveu. Nos dias de sol, íamos para a praia com a Manu de manhã, e ali ficávamos uma hora mais ou menos, embaixo do guarda-sol. Quando passava das 11h e o sol começava a ficar mais quente, voltávamos para o trailer. Depois voltávamos para a praia mais para o final da tarde, depois das 16h, e íamos caminhar com a Manu no canguru, que dormia loguinho. Ainda não foi dessa vez que ela entrou no mar, só molhamos seu pezinho. A água ainda estava bem gelada e apesar do calor ventava bastante. No dia que choveu fomos até o centro da cidade, andamos um pouco pela praia principal, e voltamos para o camping, onde passamos a maior parte do tempo no trailer. Ficar dentro do trailer não foi um problema, porque agora ela já interage bastante com a gente, então dava para brincar com ela e o espaço da cama ainda era suficiente para ela se divertir. Às vezes ela ficava meio entediada e eu saía com ela para andar pelo camping.

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Nessa viagem foi a que ela melhor dormiu, dormindo 12h seguidas e dormindo sozinha durante a tarde, coisa que ela raramente faz em casa. A impressão que eu tenho é que no camping ela fica tranquila porque é quando nós estamos tranquilos. Também porque a qualidade da atenção e da presença que damos para ela é diferente da de casa, quando sempre tem alguma coisa para se fazer, sem falar que em casa sempre estamos mais cansados.

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Deixamos para voltar para casa na segunda-feira de manhã, depois que toda a loucura de trânsito da volta pós feriado passasse. Saímos do camping no meio da manhã e chegamos em casa 2:20h depois. Esse também é um fator que muda quando você vai viajar com bebês/crianças. A ida/volta precisam ser planejados a fim de evitar os piores dias e horários de trânsito nas datas que incluem feriados. Para nós especificamente isso não mudou muito, porque é algo que a gente já fazia quase sempre, principalmente depois que passamos a acampar com o trailer, e ainda mais quando no percurso existem serras para subir ou descer.

Total rodado: 313 km

 

 

dando a volta ao redor do Sol: um doze avos ou 30°

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Setembro de 2013

Manu nasceu em uma família de campistas. O pai dela sempre foi, desde antes de nascer. Eu me tornei quando me apaixonei por ele. E me apaixonei também por acampar (e como não se apaixonar?). Acampar aqui em casa nunca foi por ser uma forma barata de viajar, apesar de algumas vezes ser mais barato viajar acampando do que de outras formas, mas isso (geralmente) não é regra e tem muuuuitas variantes, que outro dia abordo com mais cuidado. A gente acampa primeiramente porque a gente gosta, e muito. E porque é um jeito de estar mais próximo da natureza, algumas vezes bem dentro dela. Porque gostamos de ter liberdade, de poder ir para os lugares que derem na veneta, ficar mais tempo se o lugar for bom, ir embora logo se o lugar não for legal, sem planejamento de meses, sem reservas, sem burocracia. Porque gostamos de viajar de carro. E também porque acampando nós estamos em casa, não importa onde a gente esteja. Ah, e porque nós gostamos mesmo é dos nossos travesseiros, do nosso colchão e dos nossos lençóis.

E ai que a Manu nasceu e nós queríamos muito que ela também se apaixonasse pelo camping, que ela soubesse que aquela também era a casa dela, ou melhor, que a casa dela poderia ser em qualquer lugar. Que ela tivesse a alma livre, os sonhos leves, que ela aprendesse a sonhar sem ter limites. E que ela amasse e respeitasse a natureza. Que ela soubesse que a nossa casa está onde está o nosso coração.

A prática do camping te ensina muitas coisas, porque os limites entre o seu espaço e todo o resto é muito tênue. Você aprende que respeito tem que ser mútuo, que cuidado é imprescindível e que quando você preserva algo para o outro, está preservando para você mesmo, o que inclui a natureza, a limpeza, o barulho, a educação. No camping as pessoas se cumprimentam e muitas vezes se ajudam, mesmo sem nunca terem se visto (é claro que tem lá suas exceções). E é isso que queremos que a Manu aprenda, além, claro, de ter um contato com a natureza que São Paulo não permite.

E como “de pequenino é que se torce o pepino”, lá fomos nós comemorar seu primeiro mês! Cada novo mês, uma nova viagem.

Como seria a nossa primeira viagem, escolhemos um camping que já conhecíamos e que fosse bem perto de São Paulo, para qualquer eventualidade. O camping escolhido foi o Fazenda Paineiras, que fica em Itu, e é um camping super bem estruturado e com cantina. Também não era nenhum feriado, então já imaginávamos que seria tranquilo. Saímos de casa no horário de almoço e chegamos lá antes das 15h. Viajar de carro com bebezinho pequeno é muito tranquilo, acredito aliás que seja a época mais fácil para se viajar com bebês, que necessitam de muito pouco, colo e peito, basicamente. Dependendo do tempo de viagem, paradas de tempos em tempos para mamar e trocar uma fralda, e é basicamente o mesmo ritmo que temos para nós, que também precisamos parar para ir ao banheiro e tomar um café. Nessa viagem especificamente nem chegamos a parar, porque era bem perto.

No camping fazia bastante sol e calor. Passamos o fim de semana tranquilos, andando pelo camping, Marcos pescando, fazendo churrasco e descansando na rede. A Manu ficou tranquilíssima, parece nem ter percebido que não estava em casa. Dormiu normalmente à noite e dormia até melhor durante o dia do que costuma dormir em casa. A única coisa que exigiu um improviso foi o calor, porque estava bastante abafado mesmo, e para poder ficar dentro do trailer durante a tarde coloquei uma fralda molhada em frente ao ventilador, que deixa o ar mais fresco. De resto, tudo muito simples. Foi a viagem que levamos mais coisas pra ela, e mesmo assim foi pouca coisa: o moisés para ela dormir e o carrinho. Esse último é uma grande bobagem, porque quase não usamos. Inclusive, o carrinho foi o item mais caro do “enxoval” da Manu e o menos aproveitado, nós quase não usamos ele. Lugar de bebê de colo é no colo, a Manu adora, e nós também. Mas essa figura do bebê dentro do carrinho está tão colada na nossa mente, que a gente mal pára pra raciocinar. Mas esse é um assunto para outra hora, vamos voltar à viagem. Além dessas duas coisas, só levamos roupas, fraldas (para troca e para usar como paninho de múltipla utilidade), cueiros e material para higiene (que basicamente se resume a algodão e água, além do sabonete para banho). O banho, inclusive, é no chuveiro junto com a gente, que também é a maneira que tomamos banho em casa.

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O único contratempo da viagem foi um pessoal que estava no camping a fim de fazer barulho. O movimento no camping estava bem tranquilo, tinha algumas barracas com outras famílias, com crianças, mas também dois casais que não estavam lá para curtir um sossego, e, lei de Murphy, com um camping enorme e quase vazio, montaram suas coisas bem do lado da gente, ouvindo som nas alturas. Som em camping é sempre um problema, na minha opinião deveria ser proibido, pois é algo muito difícil de se controlar e invade muito o espaço do outro. Nós ficamos muito incomodados, mas a Manu mesmo pareceu nem perceber, nem atrapalhou o sono dela. A administração do camping interviu à noite, fazendo-os baixar o volume. Mas no dia seguinte lá estava o som ligado de novo, bem cedo, e com volume nas alturas. Tivemos que novamente ir reclamar ao camping, o que gerou um certo stress com os donos do som, que acabaram indo embora.

Fora isso foi tudo ótimo, o clima colaborou e a Manu parece ter adorado sua primeira acampada. Inclusive foi lá que ela deu seu primeiro sorriso voluntário para nós, acho que foi um sinal de que ela gostou de acampar! A volta para casa também foi tranquila, chegando em casa no final da tarde.

Total rodado: 243 km