Nota

tem dias…

DSC_9361

Eu escrevi um texto todinho na minha mente… mas acontece que é só eu meu deparar com essa tela branca, essas teclas todas, e o texto todo se esvai. Fica sem começo, um começo que não sai… e o meio todo se perde, o fim nunca chega.

Tem dias que tudo vai fácil, o amor vai fácil, a paciência flui, constante. Tem dias que é muito fácil ser empático, como se fosse impossível não o sê-lo. E eu me coloco no lugar do outro, JUNTO com ele, e fica muito simples me colocar no meu próprio lugar. Tem respiração minha junto com o grito do outro, e por isso ele, o grito, logo acaba, trazendo a abertura de um espaço que estava faltando no meio da confusão. Espaço. Ar. Luz. Mas tem dias, e são muitos os dias assim, que a empatia, seja lá o que isso significar, chega sempre atrasada, depois que o grito, do outro, já virou um grito, em mim. Mas um grito que não saiu, não escapou, não gritou. E aí ele grita alto dentro de mim, faz o corpo tremer, dá calafrios, faz lágrimas saírem dos olhos. E o outro, que gritou pra receber um espaço, grita de novo pra tentar recebe-lo. Um grito que reivindica, espaço, atenção, silêncio, respiração, e que grita grita grita pra recebe-lo. Uma voz que usa o grito pra pedir, pois ainda não aprendeu maneira diferente de fazê-lo.

Tem dias que um grito é só um grito… Tem dias que ele grita dentro de mim…